Feliz quem tem uma PEDRA em SAGRES

Palavras-chave | Keywords

"Boca do Rio" "Ermida da Guadalupe" "Farol de São Vicente" "Fauna e Flora" "Fortaleza de Sagres" "Gentes & Paisagens" "Gentes de Vila do Bispo" "Geologia e Paleontologia" "História do Mês" "Martinhal" "Menires de Vila do Bispo" "Paisagens de Vila do Bispo" "Tales from the Past" "Vale de Boi" 3D Abrigo Antiguidade Clássica Apicultura ArqueoAstronomia Arqueologia Experimental Arqueologia Industrial Arqueologia Pública Arqueologia Subaquática Arquitectura arte Arte Rupestre Artefactos Baleeira Barão de São Miguel Base de Dados Bibliografia biodiversidade Budens Burgau Calcolítico Carta Arqueológica de Vila do Bispo Cartografia Cetárias Cista CIVB-Centro de Interpretação de Vila do Bispo Complexo industrial Concheiro Conservação e Restauro Descobrimentos Divulgação Educação Patrimonial EPAC Escolas & Paisagens de Vila do Bispo Espeleo-Arqueologia Estacio da Veiga Estela-menir Etnografia Exposição Figueira Filme Forte Fotografia Geographia Grutas Homem de Neandertal Idade Contemporânea Idade do Bronze Idade do Ferro Idade Média Idade Moderna Iluminados Passeios Nocturnos Ingrina Islâmico Landscape marisqueio Medieval-Cristão Megalitismo menires Mesolítico Mirense mitos & lendas Moçarabe Moinhos Museologia Navegação Necrópole Neo-Calcolítico Neolítico Neolítico Antigo NIA-VB Paleolítico Património Edificado Património natural Património partilhado Pedralva Pesca Povoado Pré-história Proto-história Raposeira Recinto Megalítico/Cromeleque Referências RMA Romano Roteiro Sagrado Sagres Salema Santos Rocha São Vicente Seascape Toponímia Vila do Bispo Villa Romana
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Ponta do Telheiro - Ouriçais | Sagres


Carbónico marinho da Zona Sul Portuguesa

Neste pequeno promontório da costa atlântica, situado cerca de 6 km a NO de Sagres, observam-se os afloramentos mais meridionais dos turbiditos do Grupo do Flysch do Baixo Alentejo, assim como dos Grés de Silves. As características geológicas mais marcantes deste magnífico afloramento, verdadeiro geomonumento da Cadeia Varisca Europeia, são as seguintes:

1.  Existência de uma superfície aplanada, no topo da arriba, onde se encontram preservadas cascalheiras correspondentes a uma praia levantada do Quaternário (nível dos 30 m).
2.  A Formação do Grés de Silves, do Triássico (250 a 205 Ma), datada por uma associação fossilífera pobre, com ossos de peixes estegocéfalos, bivalves (euesterídeos) e pólenes. A unidade é constituída por bancadas de arenitos e siltitos avermelhados, por vezes com intercalações pouco espessas de conglomerados As bancadas areníticas apresentam-se maciças ou com estratificação cruzada de larga escala e os siltitos podem apresentar laminação cruzada associada a riples de corrente. As bancadas expostas na falésia correspondem à parte inferior da unidade e têm espessura total da ordem dos 8 m. A tonalidade avermelhada dos sedimentos (indicando a presença de óxidos de ferro) e as estruturas sedimentares sugerem deposição na parte intermédia de leques aluviais desenvolvidos em região continental com clima árido.
3.  Discordância angular dos Grés de Silves sobre os turbiditos da Formação da Brejeira, a unidade mais recente do Grupo do Flysch do Baixo Alentejo. Esta discordância abarca o período de tempo correspondente a 55 Ma, durante o qual se deu a elevação e erosão de parte significativa da Cadeia Orogénica Varisca, originada durante o Carbónico Superior, admitindo-se terem sido arrasados entre 3 a 5 km da crosta continental.
4.   Formação da Brejeira, com idade compreendida entre o Baskiriano Médio (320 Ma) e o Moscoviano Superior (305 Ma), idade esta estabelecida com base em associações fossilíferas de amonóides e miosporos. É constituída por espessa (> 1000m) sequência turbidítica formada por alternâncias de xistos e grauvaques. As bancadas de grauvaques têm espessuras de ordem centimétrica a decimétrica e aparecem em relevo devido à sua maior resistência à erosão. Observação cuidada destas bancadas mostra que no seu interior apresentam granoseleção, laminação paralela e cruzada (ritmos de Bouma), na base figuras de carga, de arraste e turbilhonares (flutes), e no topo marcas de corrente. A unida apresenta-se afectada pela Orogenia Varisca, caracterizada principalmente por dobras subverticais com clivagem xistenta associada, bem visíveis ao longo da falésia. São ainda visíveis pequenas falhas inversas, com topo (aparente) para Norte, afectando as bancadas turbidíticas. Estas falhas desaparecem na discordância angular.
5.  No local está ainda bem exposta atual da plataforma de abrasão marinha, predominantemente rochosa devido à forte ação erosiva do mar.

Triásico Superior do SW Ibérico

Discordância entre rochas paleozóicas metamorfizadas e deformadas e arenitos triásicos. Esta discordância angular materializa milhões de anos de processos geodinâmicos internos (afundamento, metamorfismo e dobramento, seguidos de gradual soerguimento) e externos (denudação e erosão dos relevos soerguidos). Trata-se do melhor local, em Portugal, para observação desta discordância com elevado valor científico e didático. Relevância internacional. Excelente visibilidade e facilidade de acesso a pé!