«As características
geomorfológicas de
extensas áreas
do Algarve
revelam-se
favoráveis
à presença de formações cársicas, incluindo as cavidades naturais calcárias, de que se conhecem vários
exemplos numa ampla faixa
geográfica
que se estende do
extremo
Barlavento ao
Sotavento, englobando parte significativa destes territórios. A importância de conhecer as grutas do Algarve tem sido reiteradamente propalada por diferentes investigadores desde há mais de um século, sendo o interesse destas reconhecido em diferentes matérias do conhecimento, sobretudo
a Geologia, Arqueologia, Paleontologia e Biologia. Apesar deste facto e da actuação no Algarve de diversas entidades relacionadas com a actividade espeleológica, poucos são os trabalhos publicados subordinados à pesquisa do meio subterrâneo natural no Algarve, permanecendo este, em boa parte, escassamente conhecido. Tal situação conduz a uma vulnerabilidade acrescida do referido património em face da pressão humana, atendendo a que, por desconhecimento, poderão muitas
destas
cavidades naturais ser
afectadas
ou mesmo
obliteradas, principalmente pela
construção ou
em consequência da
laboração
de pedreiras,
ou ainda, simplesmente
por
entulhamento ou utilização como vazadouro de detritos, situações que ocorreram já no Algarve e
que
têm conduzido a graves
problemas ambientais em diversas regiões calcárias.
O registo e a exploração das cavidades do Algarve irá seguramente fornecer um contributo
fundamental para
a interpretação
dos
respectivos sistemas
cársicos
e existem fortes probabilidades de se proporcionarem descobertas significativas ao nível da arqueologia assim
como no âmbito de outras ciências. Neste enquadramento, o trabalho preconizado no projecto ProPEA consiste fundamentalmente
na identificação e
inventariação das
cavidades calcárias existentes no Algarve e avaliação preliminar do respectivo potencial num quadro pluridisciplinar,
considerando quer o património cultural, quer o natural. Para o efeito procurar-se-á estabelecer uma franca articulação de colaborações entre diferentes entidades, nomeadamente a Direcção Regional
de Cultura do
Algarve,
Universidade do
Algarve, autarquias,
associações
de espeleologia, e outras
cujos contributos para o projecto venham a assumir relevância.»