Localizado num pequeno relevo com 127 m de altura, a 7 km NNE de Vila do Bispo, à direita do caminho que sai da EN 268 ao km 20.3 (junto ao vértice geodésico "Monteiros") e que, dirigindo-se para nascente, passa por um monte abandonado e conduz à Ribeira da Sinceira. O menir localiza-se cerca de 250 m a nascente do referido monte, numa área de xistos e grauvaques do Carbónico.
Trata-se de um monólito de calcário de cor branca, de forma subcilíndrica, medindo 1.60 m de comprimento. Não sendo uma área de calcários, a implantação deste monólito terá implicado um considerável empreendimento colectivo com vista ao seu transporte a partir do contexto geológico de origem.
Na área envolvente ao menir, foram por nós detectados diversos indícios de ocupação, com alguma densidade e significado, que remetem para cronologias do Mesolítico e Neolítico Antigo, designadamente indústria lítica sobre sílex (lascas e dois micrólitos lamelares), um fragmento de mó manual em arenito e um movente de mó em grauvaque, com sinais de ter sido usado como percutor e bigorna.
A análise toponímica, com base na
cartografia militar da área envolvente da Aldeia da Pedralva, permite
identificar um interessante conjunto de topónimos altamente sugestivos de presença pré-histórica megalítica:
- O próprio topónimo “Pedralva” aponta claramente para “pedra alva”, ou seja, “pedra branca” – menir.
- A pouco mais de 200 metros a SE da Aldeia da Pedralva, surge outro topónimo megalítico – o Cerro das Pedras.
- A cerca de 1 km a sul da Aldeia da Pedralva, outro topónimo megalítico – o Monte Branco ou da Pedra Branca –, desta feita comprovado pela ocorrência de fragmentos de um ou mais menires, identificados em 1977 por Eduardo Prescott Vicente.
A recorrência toponímica associável a "pedras brancas" prende-se, seguramente, com o facto de por ali não existirem calcários. O calcário branco dos menires, em terras escuras de xisto e grauvaque, marcaria as paisagens de forma muito visual.
Porém, o potencial toponímico para ocorrências megalíticas na área
envolvente à Aldeia da Pedralva não tem, na actualidade, uma justa
correspondência. Além do menir de Bem Parece e dos referidos fragmentos de menir do Monte Branco, apenas se conhece mais 1 monólito pré-histórico na área – Atalaia 2 –, escavado em 1977 por Eduardo Prescott Vicente. Esta incoerência, entre a toponímia e a actualidade da geografia da investigação, poderá ser explicada pela utilização dos
ausentes monólitos no próprio conjunto edificado da Aldeia da Pedralva, tanto
como aparelho pétreo, como cal, após a sua redução.
Relocalização: Ricardo Soares e João Velhinho | 24.05.2014
Bibliografia:
GOMES, M. V.; SILVA, C. T. da (1987) – Levantamento Arqueológico do Algarve. Concelho de Vila do Bispo. Vila do Bispo: Delegação Regional do Sul, Secretaria de Estado da Cultura, p. 33