a Vida e a Morte
30 outubro 2015
Centro Ciência Viva de Constância
A convite da própria organização, Fernando Pimenta, Engenheiro Eletrotécnico e Astrónomo membro da Sociedade Europeia para a Astronomia na Cultura, e Ricardo Soares, Arqueólogo da Câmara Municipal de Vila do Bispo, vão participar, no dia 30 de outubro, no 'SIMPÓSIO FUSIS QUOIS' que irá ter lugar em Constância.
A nossa presença surge na sequência do projeto de investigação 'ArqueoAstronomia Paisagística no Megalitismo Menírico de Vila do Bispo vs interfluvial Bensafrim-Odiáxere', recentemente apresentado (dia 27 de setembro) no Centro de Interpretação de Vila do Bispo, no âmbito da iniciativa 'Maratona Astro-Arqueológica nos Menires de Vila do Bispo'.
O simpósio Fusis Quois é organizado pelo Centro de Pré-História do Instituto Politécnico de Tomar, em colaboração com o Centro Ciência Viva de Constância e o Município de Constância.
Resumo da comunicação
Os
menires do Concelho de Vila do Bispo e da área interfluvial de Bensafrim-Odiáxere
encontram-se localizados numa região onde a ocupação atribuível ao Neolítico
antigo evidencia algumas características que a diferenciam de outros contextos
meníricos, nomeadamente presentes no vizinho Alentejo Central.
Também
os dados arqueológicos existentes parecem apontar para lógicas diferentes entre
o concelho de Vila do Bispo, com povoados neolíticos aparentemente periféricos
relativamente aos menires, e o interfluvial Bensafrim-Odiáxere, onde os menires
se situam aparentemente em torno de povoados.
Por
outro lado, ainda não são conhecidos rituais funerários relacionáveis,
eventualmente latentes em contextos de gruta.
Ainda
que muito fragmentários e descontextualizados, no concelho de Vila do Bispo,
numa área de pouco mais de 42 km2, sobreviveram até hoje cerca de 250
menires. Trata-se de uma amostra significativa, de grande consistência
material, morfológica e decorativa. Porém, o facto de grande parte destes menires
se encontrarem derrubados, fragmentados e deslocados do local original de
implantação condiciona bastante o seu estudo.
No
âmbito do projeto de investigação – ArqueoAstronomia Paisagística no
Megalitismo Menírico de Vila do Bispo vs interfluvial Bensafrim-Odiáxere – foi
aplicada uma metodologia de análise estatística e geográfica da implantação,
distribuição e orientação global na paisagem sobre a atual localização dos
menires. A metodologia aplicada divide-se em três blocos de estudo aplicados às
áreas de Vila do Bispo, do interfluvial Bensafrim-Odiáxere e a conjuntos de
pontos aleatórios obtidos nas regiões em causa: Padrão
espacial de ocupação do território; Análise topográfica local: elevação, declive e
azimute de declive máximo; Análise
topográfica do horizonte: direcção para o pico distante mais elevado, perfil da
distância ao horizonte em função do azimute e possíveis marcas no horizonte em
função da declinação.
Apesar
das limitações com que este estudo foi desenvolvido, nomeadamente a utilização
de um modelo digital de terreno com uma quadrícula de 90 x 90 metros, algumas
localizações imprecisas e vários dados incompletos, os resultados revelaram
padrões semelhantes entre as áreas de Vila do Bispo e do interfluvial
Bensafrim-Odiáxere que justificam uma clara intencionalidade na seleção dos
locais onde os menires foram implantados, parecendo indiciar uma associação
simbólica de grande parte dos menires com as Luas Cheias Equinociais e
levantando a possibilidade de uma diferenciação entre a Lua Cheia da Primavera
e a Lua Cheia de Outono associada a diferentes tipologias de gravuras: elipses
longitudinais, por um lado e “glandes fálicas” e ondulados, por outro.